Sua língua venenosa mata mais que a pandemia.




Sua língua venenosa mata mais que a pandemia.
As pessoas não aprendem mesmo, só olham para o próprio umbigo, julgam que é de uma excelência invejável mas ajudar ninguém quer.
Encontrei uma mulher na fila da padaria e comecei a conversar, ela com semblante cansado e triste, mulher bem simples, quase simplória.
E me contou que estava muito triste porque apesar de estar saindo para trabalhar, estava sendo bastante massacrada por julgamentos e que isso estava deixando-a muito triste e que já tinha inclusive chorado.

Ela disse que não tem ninguém, parente e nem quem possa ajudá-la, que inclusive como não está tendo aula, as crianças não têm ido para escola e ela nem tem com quem deixá-las. Apenas avisa a vizinha para de vez em quando dar uma olhada para ver se está tudo bem.
Me contou que é diarista, trabalha o dia todo para receber no final do dia e passar no mercado para levar a comida para casa.
E disse: "sabe dona (era eu), é fácil as pessoas julgarem quem está saindo para trabalhar, é fácil falar fica em casa quando tem salário garantido no final do mês, é fácil ficar em casa quando sabe que o marido ou alguém vai garantir a comida na mesa, mas e no meu caso, que ontem não fui trabalhar porque a casa que eu iria faxinar, me dispensou e minhas três crianças me olharam e disseram que estavam com fome e eu dei o último leite e um pacote de miojo que dividi para todos. Se hoje eu não saísse para trabalhar, eu não levaria nem o pão para eles.
Me propus a ajudar, iria pagar as coisas que ela havia pego na padaria e ela disse: "Eu agradeço de coração, mas eu só preciso ir trabalhar, eu só preciso não ser julgada e criticada, ninguém sabe o que é ver os filhos olhando para sua cara e dizendo "Mãe, tô com fome", e não ter um ovo para fritar.
Pois é, diante desse caso e milhões e milhões como esses, eu sempre falo: a língua do povo é maior, mais perigosa e mata mais que a pandemia.
Fica fácil, ficar em casa, maratonando as séries, brincando de master chef, colocando a leitura em dia, quando a geladeira e a despensa estão cheias e o cartão de crédito com limite disponível ou ilimitado.
Entre correr o risco do coronavírus e ver seus filhos pequenos chorando de fome, eu duvido que alguém iria CURTIR a quarentena como se fosse FÉRIAS.
Se quer mesmo promover a quarentena, sugiro que façam como aqueles varais de doação de agasalhos: "QUEM PODE COLOCA, QUEM PRECISA TIRA".... seja solidário então, encontre uma igreja, o salão de festas do seu condomínio, a garagem do vizinho e cada um que acha que pode julgar a vida alheia, vai lá e COLOCA um pacote de arroz, feijão, óleo, papel higiênico, leite, café, sabonete, pasta de dente, detergente, ovos, bolachas, pão, macarrão, molho de tomate, sal, açúcar... assim , quem precisar vai lá e TIRA.
Assim, as pessoas conseguem cumprir o pedido "FICA EM CASA" e os outros conseguem "MANTER A LÍNGUA DENTRO DA BOCA"

Gislene Teixeira - mediadora de conflitos.

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