Reflexões de uma Cringe

 

Reflexões de uma Cringe!

Vivemos dias conturbados, com total déficit de empatia e pouca, quando nenhuma, simpatia.

Fato é, que ninguém, é uma tábula rasa, mas todos somos validados por tabulação prévia de terceiros. Logo, há uma ambiguidade agigantada, quando validamos a vida em sociedade plural, porém, ignoramos a singularidade individual. Na qual, é desconsiderado culturas, crenças e verdades distintas. Sim, ou você acha que há apenas uma única e singular verdade - a SUA.

Seria no minimo uma suposição ingênua, acreditar e creditar, que todos seriam validados pelo principio da semelhança inconteste. Na verdade, vivemos na era da espontaneidade programada, para que possamos ter nossas verdades validadas, aceitas, a partir de semelhança social e bastante subjetiva. Sim, subjetiva, pois não há validação, a partir de critérios objetivos, fatos e verdades críveis. Não há tempo, para que se mergulhe em busca de sinais e critérios, de fato, sendo chancelados apenas pela abrangência da captação fria que o foco da sua lente, consegue registrar.

Chancelamento frio, escasso de empatia, mas onde há o transbordo da antipatia, como fator decisório para dispositivos pouco confiáveis mas amplamente validados para opinião, crítica, julgamento e condenação no 4º poder do juri do tribunal da internet, onde as penas parecem ser um mix entre - pena capital, leis draconianas e lei do talião. Válidas, obviamente apenas para penalidade alheia.

Parece, que de fato, estamos evoluindo, passamos de "ser humano", para, "serumaninho". Perdemos a estribeira em um piscar de olhos, nos tornamos incapazes de lidar com conflitos, decepções, tristeza, corações partidos. Algo entre emoções e sentimentos "nutella ou baunilha", mas atos "raiz", dos tempos das cavernas.

Desfiamos conselhos arbitrários que servem apenas aos outros, nunca, a nós e nem aos nossos. Vivemos em nossas bolhas, únicas, distintas, sem manchas, sem máculas, blindadas, envernizadas, purpurinadas. Acreditamos que apenas, nossas "bolhas" são valorosas, as alheias, jamais.

Me parece que perdemos a condição de seres empáticos, simpáticos, sociais, sociáveis, afetuosos, amáveis. Me parece também que é "cringe" falar em segunda chance, em perdão e até mesmo em gratidão. Eu acho mesmo que mergulhamos no túnel do tempo e voltamos a lei do talião, "olho por olho, dente por dente". Bateu, levou. Fez, tomou. Errou, errou. Matou, morreu.

Um dia, quando criança, aliás, décadas quando criança, ouvíamos dizer que "nós éramos o futuro desse país", mas aquelas crianças, se tornaram "cringe", e como tudo o que é "velho", é substituido, por algo que é melhor.

No passado, os médicos recomendavam Vitamina D, hoje os "especialistas" recomendam Vitamina R-elacionamentos... o que ela previne, suplementa? Siga as redes, siga o fluxo que logo você vai descobrir...

E assim, um dia a gente vai dormir, e quando acordamos, somos informados que somos - cringe... Calma! aproveite, pois a semana que vem, já deveremos ser outra "coisa" qualquer.

Gislene Teixeira - Cringe no auge dos seus 52 anos.